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Anúncios no WhatsApp: O Fim da Era Sem Publicidade?

Por: admucom | 24/06/2025

Notícias

6 min de leitura

O WhatsApp anunciou, em junho de 2025, a introdução oficial de anúncios em sua plataforma pela primeira vez. A decisão vem mais de uma década após a Meta investir US$ 19 bilhões para comprar o app de conversas.

Agora, sob uma nova gestão, a empresa dá início a uma nova fase de monetização, que levanta debates sobre privacidade, experiência do usuário e os rumos da comunicação digital. O WhatsApp já virou carteira digital, ganhou integração com AI e, agora, entra no segmento de ads.

Vem entender como funcionarão os anúncios no WhatsApp, o que muda na privacidade e o impacto dessa mudança para usuários e marcas.

Onde e como os anúncios serão exibidos

Depois do TikTok, agora é a vez do WhatsApp mudar sua estratégia comercial. A principal mudança do app está na aba Atualizações do aplicativo, conhecida por reunir o conteúdo de Status, semelhante ao stories do Instagram, e Canais, novidade lançada em 2023 que permite a criadores e empresas transmitirem mensagens para grandes públicos.

A Meta esclarece que os anúncios no WhatsApp não aparecerão nas conversas privadas nem nos grupos, ou seja, por enquanto a experiência principal do aplicativo, protegida por criptografia de ponta a ponta, permanece inalterada.

Os anúncios nos Status terão o mesmo formato dos stories patrocinados do Instagram: imagens ou vídeos verticais com chamadas para ação (CTAs), como “Saiba mais” ou “Compre agora”. Já em Canais, será possível exibir canais patrocinados, destacando conteúdos pagos para aumentar sua visibilidade.

A Meta também anunciou que os administradores de canais poderão monetizar diretamente com assinaturas mensais, oferecendo conteúdo exclusivo para seguidores, algo parecido com o que o Telegram já implementa.

Segmentação de público

A introdução dos anúncios no WhatsApp levanta uma dúvida inevitável: como será feita a segmentação publicitária?

Segundo a Meta, os dados utilizados para personalizar os anúncios incluem país e idioma do usuário, localização aproximada (não precisa de GPS ativado), canais que o usuário segue e interações anteriores com conteúdo publicitário.

A empresa afirma que não utiliza dados de mensagens, chamadas ou contatos para alimentar seus algoritmos de publicidade, o que significa que suas conversas privadas continuam criptografadas e não são analisadas para fins comerciais.

Para quem optar por vincular a conta do WhatsApp ao Accounts Center (sistema de unificação entre Facebook, Instagram e WhatsApp), a personalização dos anúncios poderá ser ampliada, com base em interesses e comportamentos em toda a rede da Meta.

Por que o WhatsApp decidiu adotar anúncios agora?

Com 3 bilhões de usuários ativos mensais, 169 milhões somente no Brasil, o WhatsApp é um dos produtos mais populares do Meta, mesmo sendo a plataforma que gera menos receita. Em 2024, o WhatsApp faturou US$ 1,8 bilhão, mas a maior parte dos lucros veio do Facebook, que teve um resultado 91x maior no mesmo ano.

O Facebook e o Instagram são plataformas altamente monetizadas com anúncios segmentados, a inclusão de publicidade no app de conversas é uma forma de integrá-lo à engrenagem financeira da holding.

Outro ponto da decisão é a crescente pressão de investidores por diversificação de receita. Apesar do WhatsApp já oferecer soluções corporativas (WhatsApp Business API), seu potencial comercial ainda estava subexplorado.

A aba Atualizações surge como território ideal para testes de monetização sem grandes resistências técnicas, pelo menos na teoria.

Impacto para os usuários

Apesar das garantias da Meta quanto à privacidade, muitos usuários reagiram com desconfiança ou até mesmo indignação sobre a questão dos anúncios no WhatsApp. Nas redes sociais, mensagens como “o começo do fim” ou ameaças de que vão migrar para plataformas alternativas viralizaram nas horas seguintes ao anúncio.

Grupos de defesa da privacidade, como a Electronic Privacy Information Center (EPIC) e a Electronic Frontier Foundation (EFF), também criticaram a mudança. Segundo essas entidades, o risco não está apenas na implementação inicial, mas no precedente que ela estabelece: a transformação gradual do WhatsApp em uma plataforma publicitária semelhante às outras redes da Meta.

Por outro lado, especialistas em tecnologia argumentam que a Meta fez uma escolha estratégica ao limitar a publicidade a uma área pública e opt-in. Para o público em geral, especialmente em países onde o WhatsApp é dominante como principal canal de comunicação, a migração imediata para concorrentes pode não ser tão simples.

O chefe do WhatsApp, Will Cathcart, garante que o app permanecerá seguro e protegerá sua privacidade.

O modelo chinês como inspiração?

Muitos analistas enxergam o movimento como um passo em direção ao modelo de superapps, como o chinês WeChat. Nele, além de mensagens, os usuários acessam conteúdo, fazem pagamentos, interagem com marcas e consomem mídia, tudo em um só aplicativo.

A Meta parece tentar replicar essa experiência ocidentalmente: canais com milhões de seguidores, monetização direta para criadores e anúncios segmentados são peças que se encaixam em uma estratégia maior de centralização.

Se o WhatsApp se tornará ou não um WeChat, ainda é cedo para afirmar, mas o movimento atual sugere uma visão de longo prazo mais integrada e lucrativa para o aplicativo.

O que esperar dos anúncios no WhatsApp no futuro

Nos próximos meses, a expectativa é que os anúncios no WhatsApp se tornem comuns entre grandes marcas e influenciadores. Canais patrocinados e status pagos devem ganhar força como ferramentas de marketing digital.

Empresas que já utilizam o WhatsApp Business podem se beneficiar com integração de campanhas e anúncios com o click-to-chat, criando jornadas de conversão mais fluidas.

Por outro lado, haverá monitoramento atento por parte de reguladores, especialmente na Europa, onde o GDPR impõe regras rigorosas sobre consentimento e uso de dados. E provavelmente veremos movimentos de contraponto, onde plataformas como o Signal devem crescer, enquanto usuários mais críticos buscarão alternativas menos intrusivas.

O WhatsApp sempre foi um app de comunicação simples, direta e sem distrações comerciais, e a introdução de anúncios muda essa lógica. Ao manter as conversas livres de publicidade, a Meta tenta equilibrar inovação com respeito à privacidade, resta saber se os usuários verão isso como uma evolução natural ou como uma quebra de confiança.

De qualquer forma, a era dos anúncios no WhatsApp já começou, e com ela, abre uma nova etapa na disputa por atenção, dados e engajamento no ecossistema digital global.

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